Resenha: O Resgate do Tigre


Você sabe que está apaixonado
quando vê o mundo nos olhos dela
e os olhos dela em todos os cantos do mundo. (by David Levesque, p. 111)


O Resgate do Tigre é o segundo livro da série iniciada com A Maldição do Tigre, de autoria de Colleen Houck, e que vem conquistando mais e mais corações pelo mundo. Conquistou o meu de jeito. Contagiante, sedutor, rápido e envolvente, o livro balanceia a profundidade do drama com a leveza da ação e da comédia, muito romance, namoro e cenas mais calientes; situações constrangedoras e/ou inusitadas, cenas bobas, passagens que nos fazem rir, e outras que fazem chorar muito! Descobertas, ameaças, muita luta, artes marciais e a nova Exterminadora vão surpreender e encantar tanto quanto no primeiro livro.

Kelsey ajudou Ren, Kishan e Kadam na primeira tarefa que pode quebrar de uma vez por todas a Maldição dos Tigres, mas deixou a Índia porque não se considerava, digamos, "a princesa que Ren merece". Ela volta ao Oregon decicida a esquecê-lo e percebe que não será tão fácil, porque muito já foi acertado pelo próprio Ren: matrícula em uma faculdade melhor, casa nova, conta bancária... Tudo isso como um pequeno agradecimento da família pela ajuda dela na tarefa. Sempre em interação com o Sr. Kadam, Kelsey ainda colabora por telefone com a interpretação da Profecia de Durga. Ao decidir que é hora de fechar os olhos à presença etérea da lembrança de Ren e sair com outras pessoas, o próprio toma sua atitude. Conflito de sentimentos. Tudo já seria bem complicado sem a obsessão deLokesh, que está decicido a por as mãos em Kelsey onde quer que ela esteja.

... devemos aproveitar ao máximo nosso tempo juntos. Nunca se sabe quando alguém que você ama vai ser tirado de você. (p. 127)

O livro não superou o primeiro como meu favorito, mas gostei muito dele, muito mesmo. Passei três dias agarrada até terminar, como aconteceu com o livro 1. Em mais de 400 páginas, conhecemos mais mitos indianos e outras lendas asiáticas; entramos de cabeça no que há de mais meloso e trágico no amor de Kelsey e Ren; e ainda temos a perspectiva de Kishan, que resolveu tomar uma posição e investir de vez na garota que ele deseja, mesmo que o sentimento não pareça ser correto o momento. Ren ainda é o meu favorito, mas foi maravilhoso sentir o envolvimento com a personalidade única de Kishan, que rouba a cena em segundos. Por baixo das vestimentas escuras e da postura de bad boy, há um homem carinhoso, extremamente cuidadoso, leal e encantador. Do tipo que desperta paixões em vez de amores fofinhos.

- Bem, boa noite, bilauta.
Apoiei-me no cotovelo.
- O que significa isso, Kishan? Você nunca me disse.
- Significa “gatinha”. Achei que, se somos os gatos, você tem que ser a gatinha.
- Ah, mas não diga mais isso perto de Ren. Ele fica com raiva.
Ele sorriu.
- Por que você acha que eu digo? Até amanhã! (p. 165)


O RESGATE DO TIGRE tem uma capa e um design interno de fazer babar, e apresentou mínimos problemas na impressão, quase nulos. O texto traz várias frases legais, que adoro [tudo bem, há MUITAS mensagens de amor, mas ninguém é de ferro né... Já avisei que o início teve um pouco mais de açúcar, e quem não curte um pouco de cor-de-rosa na ficção? É importante, vocês vão querer aproveitar essa parte], além de poemas de escritores consagrados e da própria autora. Encontrei referências aqui e ali a Jogos Vorazes, Harry Potter e Shakespeare, além do banho de inspiração de Crepúsculo, e também muitas dicas musicais – é possível mesmo criar uma setlist do livro e aprender novos termos em híndi, muitos amorosos.

Maravilhoso é imaginar o Tibet, os Lamas e a sabedoria oriental, que parece transcender eras, mundos, gerações. Vivenciamos a história e aprendemos com ela, sob o olhar dos mais velhos e também dos mais jovens: não há idade para ser sábio.

- Errar é o que nos torna humanos – sussurrei. – É assim que aprendemos. Minha mãe sempre dizia que cometer um erro não é ruim. Ruim é se recusar a aprender com ele a fim de não repeti-lo.
- Certo. Era de se esperar que eu aprendesse. Para não repetir a história. (...) parece que as únicas garotas por quem eu me interesso sempre pertencem a Ren.
Fitei suas costas, surpresa. Ele se virou e apoiou um lado do quadril no parapeito. Ficou observando minha reação atentamente, a expressão vulnerável e solene.
- Você está falando sério? - gaguejei. (p.179)


Foi muito bom continuar na presença de personagens antigos e conhecê-los melhor, bem como dar boas-vidas aos novos, com destaque para Artie que, decididamente, me fez rachar de rir e de raiva [Será que existe gente assim? Ora, vamos, claro que existe, o tipo é mais frequentemente encontrado do que um REN da vida]. Apenas não curti muito Lokesh e tudo que o envolveu, infelizmente. Esperava dele algo maior, mais destrutivo, mais malvado. Mas esta é a minha opinião, claro. Na minha cabeça, algumas cenas poderiam ter se desenrolado de outra forma.

Um capítulo em especial para mim foi o 16. Há muito tempo, eu não era agarrada por um capítulo em especial. Acredito que porque ele trouxe mensagens, palavras, que são muito importantes para mim, para a minha experiência de vida.

Tive a oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro e acho que todos somos fundamentalmente iguais. Formamos uma única família humana. Talvez usemos roupas diferentes, a cor da nossa pele seja diferente o falemos línguas diversas, mas isso é só na superfície. Todos temos sonhos e procuramos aquilo que nos trará a felicidade verdadeira. Para conhecer o mundo todo, só precisei aprender sobre mim mesmo. (p. 220)
Mesmo com o começo meio meloso, voamos nas páginas e descobrimos como é fácil amar Kishan, tanto quanto Ren, e também somos apresentadas aos jogos de sedução do irresistível Tigre Negro [nas palavras do próprio... um homem que sabe o que quer e vai à luta até conquistar]. Admiro a criatividade de Collen, a paixão dela pelos mitos asiáticos, as jornadas narradas; estou muito curiosa para ver a Árvore e tudo que vem depois dela na telona! Coisa para Chris Columbus. E, especialmente, amo esses personagens mágicos, surreais, que deveriam existir neste mundo, para paz, amor e sossego de todas nós.

No finalzinho do segundo volume, temos um “aperitivo”: o primeiro capítulo do livro 3, A Viagem do Tigre, que ainda não tem previsão de lançamento. Ele não me deixou roendo unhas de ansiedade, como o fim do primeiro, mas depois dos últimos capítulos do RESGATE, preciso dizer que terminei com a sensação de ter sido atingida por uma daquelas bolas de demolição. Ainda há muito que resolver ali. O bom humor natural de Kelsey e o charme inigualável de Ren, mesmo com as cenas mais dolorosas [que vão indignar muitas de vocês, tendo passado pelo mesmo ou não]; a ousada estratégia de sedução de Kishan e as sequências de ação da jornada vão continuar comigo por muito tempo. As opiniões podem se dividir acerca do livro, eu sei, mas curti bastante e... Recomendo para o público jovem e adulto!


Editora Arqueiro
Preço: R$ 29,90


Fonte: Canto e Conto

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